Queria parar de pensar o presente
como preâmbulo de alguma coisa,
como fazem aqueles
que vivem considerações,
os que possuem fábrica
dos dias que virão, dos verões.
Nunca marquei encontro
com o tempo.
O tempo não tem cabelos
e arranha em nossa porta circunstâncias.
Quando percebemos
já nos gastou os ossos,
e instalou-se com sua bagagem
de solidão e varizes.
Por isso deixo que saia na frente a pressa,
não luto comigo por prognósticos
nem agouros previsivos.
Perfilo meus objetivos
numa lâmina sobre o abismo,
que tem fome de meus desejos
e apetite por minha carne.
O meu tempo se pudesse,
lhe faria cócegas no itinerário,
afrouxava-lhe o passo
e quitava as previsões.
O imprevisto,
é que é uma ruga cada vez mais velha.