O peso do mundo

Os dias avisam os ossos
de nossa brevidade
intumesce-se a vida
e há sinais de perenidade
E nós sempre administrando
o peso do mundo
hipotecando o cotidiano, as bandeiras
recuos sociais a cada ano
ao fim do mês o mínimo salário
e a dívida que aumenta
Alguma comida conquistamos
e maiores são as esperanças
vez por outra choramos
por questões de amor
ou por antigas lembranças
Nosso bocado sobre a terra
é além de qualquer sonho fácil
muito herdamos de caminho
com pouco ficamos de rastro
Ganhamos algum dinheiro
cinco sentidos pra gastar
genitais para o cair da noite
um local a sombra pra nos enterrar
Ainda assim
erramos com a felicidade
pisamos na grama dos jardins
adoramos as máquinas
os deuses, a modernidade...
E felizmente o peso do mundo
que arrastamos pela estrada
botamos na rua
com o lixo da noite passada