
Então vamos voltar ao chão e acordar da amnésia coletiva, porque as promessas de Obama servem apenas para reforçar uma mentira: a velha máxima capitalista de que qualquer um pode ser o que quiser, o que para muitos é um sonho enterrado em vala comum. E sua vitória também não encerra o debate e a desigualdade racial nos EUA. Os afro-americanos continuarão ganhando menos, ficando mais desempregados e enfrentando maior taxa de mortalidade infantil e menor expectativa de vida com relação aos brancos. A linha que separa os democratas dos republicanos é muito tênue e Obama, antes de mais nada, é ideologicamente um capitalista que pegou um país em recessão e passará por um processo de reorganização interna de duração longa. A mera diferença entre Obama e McCain é que o primeiro sorri. Ambos seguram com firmeza a mesma estaca e estão prontos para arremessá-la em quem contrariar os interesses do país.
Obama dará continuidade a um jogo onde a elite econômica vai continuar mandando, até porque ele não quer acabar como John Kennedy. Ele não é um messias que acabará com a intolerância e a desigualdade no mundo. Não dá para apostar nele como algo diferente de tudo que já passou pela Casa Branca, ainda mais, levando-se em conta que por lá, em 230 anos somente dois partidos se alternam no poder, revezando mudanças somente de ordem fiscal e tributária. Voltemos então a nossa vidinha tranqüila por aqui, satisfeitos com nosso OBALULA, que realmente governa para as minorias (banqueiros, empresários, especuladores e agregados).