A década de 80 foi marcada por enchentes que deixaram marcas profundas na memória dos catarinenses, porém nunca choveu tanto em SC quanto no último mês de novembro. É sem dúvida uma lamentável tragédia para o país, que merece um debate mais sério após a reconstrução das cidades atingidas. O Estado de Santa Catarina irá receber mais de 1 bilhão de reais do Governo federal para o trabalho, o que, caso não seja usurpada por empreiteiros astutos e políticos sem caráter, dará para disponibilizar moradias decentes aos desabrigados.
Na verdade não estou aqui para falar da tragédia em si, mas de aspectos gerados pelo fator causa e conseqüência. A causa da tragédia catarinense não foi a chuva. Houve muita chuva sim. No Vale do Itajaí ocorreu mais que o dobro da quantidade de chuva que causou a enchente de 1984, maior no estado até a última catástrofe. No entanto, levando-se em conta que, de todos os desastres naturais os mais previsíveis são as enchentes, e que a maioria dos mortos não foi vítima da água, mas, sim, da terra ou do tijolo que caiu sobre suas cabeças, a culpa não foi da chuva. Tampouco do aquecimento global, como uma parte da mídia tentou justificar. Aliás reparem, as calamidades estão para o aquecimento global, assim como as empresas que andam aumentando preços se apóiam no argumento da crise mundial. O fato é que haviam naquela região, habitações, empresas e estradas que não respeitavam a distância de segurança dos cursos d’água. Permitiu-se ainda que milhares de pessoas habitassem numa região de planície, nas encostas dos morros e nas várzeas dos rios. O que não é nenhuma novidade no Brasil.
A ocupação do solo é ordenada por leis municipais chamadas planos diretores urbanos. Esses planos definem como as cidades crescem, que áreas vão ocupar e como se dá essa ocupação. Começamos então a chegar no real culpado dessa catástrofe. Era obrigação do poder público mapear as áreas de risco, combater o desmatamento nos morros, fazer obras de prevenção onde isso era possível ou simplesmente impedir a ocupação dessas áreas de risco. Provavelmente em função de um progresso famigerado, os geólogos de Santa Catarina (que devem caber num fusca) não foram consultados sobre os riscos que a região oferecia a essas pessoas. Mesmo depois dos repetidos "avisos", que só em Blumenau foram de 32 inundações em 24 anos. Inundação é previsível em qualquer lugar do mundo. Basta o homem ocupar um reservatório natural de cheia. Como em São Paulo, que teve a brilhante idéia de construir seu mais importante sistema viário (as marginais) na beira dos rios Tietê e Pinheiros.
A grande coincidência é que a tragédia deu-se na semana em que foram finalizadas as audiências públicas sobre o Código Ambiental na Assembléia Legislativa. O código é o resultado da pressão de fazendeiros, fábricas de celulose, empreiteiros e outros interessados na extensão de terras para plantio. As leis da natureza, que não são tão fáceis de revogar ou ignorar, custam muitas vidas e dinheiro público, e acabam voltando como um bumerangue. Como bem colocou Joelmir Beting, “a natureza não se defende, apenas se vinga". Eu sei que o momento é de apoio mas o que me preocupa é saber se os catarinenses irão reconstruir suas casas nos mesmos locais e se continuarão desmatando os morros ou edificando à beira deles.
Na verdade não estou aqui para falar da tragédia em si, mas de aspectos gerados pelo fator causa e conseqüência. A causa da tragédia catarinense não foi a chuva. Houve muita chuva sim. No Vale do Itajaí ocorreu mais que o dobro da quantidade de chuva que causou a enchente de 1984, maior no estado até a última catástrofe. No entanto, levando-se em conta que, de todos os desastres naturais os mais previsíveis são as enchentes, e que a maioria dos mortos não foi vítima da água, mas, sim, da terra ou do tijolo que caiu sobre suas cabeças, a culpa não foi da chuva. Tampouco do aquecimento global, como uma parte da mídia tentou justificar. Aliás reparem, as calamidades estão para o aquecimento global, assim como as empresas que andam aumentando preços se apóiam no argumento da crise mundial. O fato é que haviam naquela região, habitações, empresas e estradas que não respeitavam a distância de segurança dos cursos d’água. Permitiu-se ainda que milhares de pessoas habitassem numa região de planície, nas encostas dos morros e nas várzeas dos rios. O que não é nenhuma novidade no Brasil.
A ocupação do solo é ordenada por leis municipais chamadas planos diretores urbanos. Esses planos definem como as cidades crescem, que áreas vão ocupar e como se dá essa ocupação. Começamos então a chegar no real culpado dessa catástrofe. Era obrigação do poder público mapear as áreas de risco, combater o desmatamento nos morros, fazer obras de prevenção onde isso era possível ou simplesmente impedir a ocupação dessas áreas de risco. Provavelmente em função de um progresso famigerado, os geólogos de Santa Catarina (que devem caber num fusca) não foram consultados sobre os riscos que a região oferecia a essas pessoas. Mesmo depois dos repetidos "avisos", que só em Blumenau foram de 32 inundações em 24 anos. Inundação é previsível em qualquer lugar do mundo. Basta o homem ocupar um reservatório natural de cheia. Como em São Paulo, que teve a brilhante idéia de construir seu mais importante sistema viário (as marginais) na beira dos rios Tietê e Pinheiros.
A grande coincidência é que a tragédia deu-se na semana em que foram finalizadas as audiências públicas sobre o Código Ambiental na Assembléia Legislativa. O código é o resultado da pressão de fazendeiros, fábricas de celulose, empreiteiros e outros interessados na extensão de terras para plantio. As leis da natureza, que não são tão fáceis de revogar ou ignorar, custam muitas vidas e dinheiro público, e acabam voltando como um bumerangue. Como bem colocou Joelmir Beting, “a natureza não se defende, apenas se vinga". Eu sei que o momento é de apoio mas o que me preocupa é saber se os catarinenses irão reconstruir suas casas nos mesmos locais e se continuarão desmatando os morros ou edificando à beira deles.